Chega de papo de cueca e de brejas em clubinhos de machos. Agora é a nossa vez! Vamos soltar a voz mulherada! Vamos aterrorizar a rapaziada! Para isso, bem vindo ao 'Papo de Calcinha'...um blog diferente que tenta desvendar o universo feminino. Aqui eu, Letícia Vidica, publico histórias sobre o universo feminino: suas angústias, dúvidas, coisas cotidianas, confusões que só os miolos femininos entendem, enfim, todo o blablablá feminino
quinta-feira, maio 29, 2014
SÍNDROME DA CEGONHA
POR LETÍCIA VIDICA
- Oi, Diana, que horas você vai passar aqui?
- Alô.. mãe?! Você sabe que horas são? – eu respondia com a voz abafada de quem acabara de ser acordada sem conseguir abrir os olhos e tentando colocar o Tico e Teco no lugar.
- Sei muito bem que horas são. Hora de sair da cama. – era o espírito mandão da minha mãe quem falava agora.
- Mãe, pega leve. Hoje é domingo. São dez horas da manhã. Eu vou onde? Passar aí para quê? – eu respondia bufando.
- Como para quê, Diana?! Você esqueceu? Hoje é o chá de bebê da sua prima. Olha, sem enrolação. Levanta dessa cama que eu vou te esperar e vê se não demora. Sua tia odeia atraso hein?
Putz! Eu realmente tinha me esquecido completamente do emocionante chá de bebê da minha prima Adriana. Mas a minha querida mãezinha tinha feito o favor de me lembrar. Me espreguicei e me assustei ao esbarrar o meu braço no rosto do Pedro. Eu também tinha me esquecido completamente que ele estava ali.
- AHN? O quê? Quem era? – ele acordou assustado.
- Era a minha mãe para me lembrar do chá de bebê da minha prima. Vontade zero de ir.
- Vai lá, amor. – disse ele me dando um selinho na buchecha – Vai treinando. Aproveita e bebe da mesma água dela.
- Tá ficando louco, Pedro? !t
- Ué, não ia ser nada mau termos um filhinho hein? Já estou ficando velho, Diana. Quero ser pai e não avô.
Desconsiderei a loucura do Pedro naquele momento e pulei da cama rumo ao emocionante chá de bebê
***
- A próxima é você hein, Diana! – era minha prima Adriana que começara a brincadeira que eu mais odiava ‘quem é a mamãe’.
- Nossa, eu não vejo a hora de ter mais um netinho... – divagava minha mãe.
- Melhor se acelerar, Diana. Namorado bonitão você já tem. Agora só fazer o principezinho.
- Gente, relaxa! Vamos curtir a maternidade da Adriana? Ela ainda tem que reinar muito e eu não tenho nenhuma pressa para isso agora. – eu tentava desviar o assunto, mas foi em vão. Passei a tarde toda tendo que aguentar as lamentações da minha mãe querendo mais um neto, a encheção de saco das minhas tias e o papo sobre fralda e bebês entre minhas primas mamães.
***
- Nossa, gente! Vocês viram o passarinho verde? Para quê tanta animação para uma segunda de manhã? – eu perguntava ao ver aquele burburinho todo na recepção do escritório.
- A Julia vai ser mamãe! Isso não é tudo? – dizia a minha secretaria.
Meu Deus! É alguma síndrome da cegonha? Um baby boom? Mês passado, a garota do almoxarifado saiu em licença maternidade, a contadora está grávida de três meses e agora a recepcionista?
- Cuidado, Diana. Você pode ser a próxima hein?
- Ih, gente, vou começar a trazer água de casa porque eu não bebo mais a daqui hein? Parabéns, Julia! E o papai está feliz?
Percebi que todos me fuzilaram ao final da pergunta. Senti que tinha dado uma bola fora. Alguém desviou o assunto e só depois fiquei sabendo que o pai da criança não queria saber da criança. A Julia tinha engravidado em alguma saída com um peguete que agora dizia que não pegou. Ops, que triste, mas como eu ia adivinhar?!
***
- Lembra do Lima, aquele meu amigo do futebol? O filho dele nasceu hoje. Aproveitei que estava livre à tarde e fui na maternidade. Um meninão. O Lima nem parecia o Hulk que ele é em campo. Estava todo emocionado – contava Pedro com a cabeça deitada em meu colo – Deve ser uma emoção danada ser pai ne?
- Eita... não me olha asssim não. – eu recriminava o olhar de cachorro pidão que o Pedro lançava sobre mim.
- A gente bem que podia começar a planejar, Diana... ia ser tão legal. Que tal a gente começar treinando hoje? Olha aí o seu celular e vê se é o seu período fértil.
Aquela conversa nem parecia de um casal normal. O namorado preocupado com o período fértil da namorada e ela querendo fugir dele.
- Para de loucura, Pedro. Você está emocionado por causa do seu amigo. Vai passar. – desbaratinei.
- Eu não estou brincando, Diana. Olha aí no seu celular... – insistia ele.
- Eu vou olhar so pra você parar de pirar.
Quase tive um treco quando vi no meu aplicativo menstrual que eu deveria estar menstruada, mas não estava. Oh-oh!
- Será que você tá grávida? Vamos comprar um teste?
- Não pira, Pedro. Isso é sério. – respondi preocupada e irritada com ele. – Não pode ser...
- Pode sim ou você não quer ter um filho comigo?
- Pedro, por favor, sem crise psicológica agora. Esse não é o momento!!
- Para você nunca é o momento ne, Diana?
- Pedro, a gente mal voltou a namorar...você ainda não sabe se fica aqui ou em Londres ...eu mal consigo pagar o meu aluguel e você quer que eu tenha cabeça para engravidar? Me poupe ne?
Saí batendo as tamancas, mas muito preocupada e desesperado com a hipótese de estar grávida.
***
- Ia ser bem engraçado te ver como mamãe.
- Não brinca, Betina. Isso é assunto sério. – eu brigava com Betina que me zuava ao terminar de ouvir o meu desespero sobre a suposta gravidez. – O pior é que o Pedro acha isso normal, não tira da cabeça essa ideia de ser pai...
- Mas isso ia ser tão ruim assim, Diana? O Pedro te ama. Ia ser um super pai. Eu não podia escolher para melhor para o meu filho.
A questão é que eu não estou preparada para isso agora.
- Não está agora, não estará depois e nunca vai estar... ninguém se prepara para isso mesmo que planeje... – dizia Betina.
- Pior é que a pressão tem sido tanta que estou com medo de ser contagiada. É minha mãe querendo mais um neto. Minhas tias fazendo promessa para eu ser a próxima da filha. O Pedro querendo ser pai... uma onda de bebês no meu trabalho e agora a minha menstruação que não vem?! Eu vou surtar. Pedrão, desce mais uma, por favor.
- Calma, Diana. A gente te ajuda a cuidar da criança. – brincava Betina.
- O que vai ser de mim? Eu mal sei cuidar de mim!!! E se o Pedro voltar pra Londres? Serei praticamente uma mãe solteira...
Ficamos divagando mil e uma possibilidades sobre minha gravidez até altas horas da madrugada.
***
Cheguei em casa na ponta dos pés para não acordar o Pedro que estava lá. Fui direto para o chuveiro e, para minha surpresa, ao tirar a roupa tive a melhor notícia da noite. O Chico estava lá. Eu tinha menstruado. Soltei um berro de alegria no banheiro que acordou o Pedro e toda a vizinhança.
- O que foi, Diana? – perguntava Pedro assustado.
- Desculpa, amor. Te acordei. Mas não foi dessa vez, eu menstruei.
Pedro me olhou desconsolado, fechou a porta do banheiro e voltou a dormir. Sei que aquele meu momento egoísta foi uma decepção para ele, mas eu nem liguei. Afinal de contas, a cegonha ainda tinha muita gente para atender antes de mim. Ufa!!!
PAPO DE CALCINHA: VOCÊ JÁ PASSOU PELA SÍNDROME DA CEGONHA?
domingo, maio 04, 2014
OS PIORES ENCONTROS DO MUNDO
Por Letícia Vidica
- E aí, Betina, como foi o encontro como bofe ontem? - perguntava a curiosa da Lili em mais um happy hour de sexta das garotas super poderosas no bar do Pedrão.
- Uma merda! - respondia seca e friamente nossa amga Betina.
- Nossa, mas o que aconteceu? O advogado lá não era tudo de bom, estava cheio de amor para dar? - perguntei.
- Primeiro, ele está muito longe de ser um advogado. Está mais para estagiário...você acredita que a gente saiu para beber e o cara ficou bebendo água com gelo a noite toda?! Um duro.
- Eu não creio. Que coisa mais bizarra!
- Este acaba de entrar para minha black list dos piores encontros do mundo. Não quero vê-lo pintado nem de ouro... se precisar de mim para ser aprovado no estágio, eu reprovo. - finalizava o assunto com um gole brusco de caipirinha.
- Mas o que você esperava, Betina? Já te disse para parar de sair com esses garotões cheirando a leite. O máximo que eles vão poder te pagar é um MC lanche feliz. - eu respondia rindo.
- Isso. Podem me exorcizar mesmo. Eu mereço.
- Nossa, gente, não tem nada pior do que encontro ruim. Acho que só tem uma coisa que vence isso é transa ruim.
- Nossa, Diana, nem fala. Uma vez saí com um cara bombadão lá da minha academia. Todo metido a máquina de sexo. Na hora H, além de eu quase ter que chamar o Procon por propaganda enganosa, o malhadão não conseguiu concluir o serviço. Pior, ainda perguntou se eu gostei. Claro que eu fingi que sim, mas fiz questão de ir embora correndo de lá.
Caímos na gargalhada e pedimos mais uma rodada de caipirinhas com uma gordurosa porção de pastel.
- E você, Diana, qual foi o seu pior encontro? Vamos lá...a brincadeira tá ficando interessante. - instigava Betina.
- Hmmm... uma vez saí com um cara que era mais feminino do que eu...todo vaidoso, uma voz toda meiga e acreditam que ele usava saquinho plástico só para não sujar o tênis? Achei aquilo uó...brochei geral quando vi isso e o pior...acabamos indo parar num drive-in para conversar e, mesmo com as urradas do casal da cabine ao lado, o cara não fez nada e ainda tinha um papo chatíssimo. Agradeci por ele não ter me procurado mais.
- Ai, isso é péssimo. É claro que a gente gosta de um homem cheirosinho, bem arrumado, mas não precisa ser demais. Uma mão suja de graxa e uma jogada na parede não faz mal a ninguém. - ria Lili.
- Eu acho que os pseudos encontros perfeitos são os piores. Aqueles que parecem que serão perfeitos, mas aí uma frase mal dita ou uma desculpinha esfarrapada acaba com todo o clima. - eu completava.
- Lembrei que uma vez saí com um cara que pediu e comeu quase todo o cardápio do restaurante. Era uma draga. E o pior é que ele achava sexy ... que terrível! - dizia Betina.
- Mas pior que comer é a falta de assunto. Nada mais péssimo do que um assunto que não flui no primeiro encontro...aquele silêncio constante...ter que ficar fazendo interrogatório para um assunto fluir... muito chato!
Passamos a noite toda divagando sobre os piores encontro que já tivemos e rimos muito também. Quem nunca né?
PAPO DE CALCINHA: Qual foi o pior encontro que você já teve/
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