quarta-feira, agosto 29, 2012

HOMEM COMPROMISSO




POR LETÍCIA VIDICA

Prestes a entrar numa ducha quente, fui interrompida pela campainha. ‘Ué, será que o interfone quebrou? Quem será essa hora? O seu Zé não disse nada?!. Fiquei surpresa em ver o Pierre parado na porta do meu apartamento segurando uma pizza e uma garrafa de vinho.

- Posso saber o que você está fazendo aqui?! - eu esbravejei surpresa.

- Nossa, é assim que você recebe os amigos?! Já foi melhor hein? Posso entrar? Eu trouxe a sua pizza favorita, um vinhozinho e até uns chocolates. – sorria ele tentando me enfeitiçar.

Jogo muito baixo para quem tinha acabado de chegar do trabalho e ia preparar um miojo. Mas eu ainda não estava entendendo toda aquela gentileza. Deixei ele entrar e foi logo se apossando do sofá.

- Aconteceu alguma coisa? – perguntei de braços cruzados ao vê-lo sentando como em um trono no MEU sofá.

- Nada. Só quis vir te visitar. – respondeu ele naturalmente.

- E a Olívia? – perguntei antes que ela resolvesse fazer plantão na porta do meu prédio.

- Essa semana ela está na casa da mãe dela. A cesária está marcada para semana que vem. – respondeu ele calmamente. Nem parecia que ele era o pai da criança.

- Pierre,você não toma jeito. A sua mulher prestes a parir e você aqui em casa?!
Olha, se a bolsa estourar eu é que não vou na maternidade...já não basta ter estado na despedida de solteiro e no casamento?! – bufei.

- Relaxa, Diana. Vamos comer? A pizza vai esfriar. – como eu odiava aquela calma dissimulada dele!!!

****

- Eu não acredito que o Pierre teve a pachorra de aparecer na sua casa!!! – esbravejava Betina, enquanto ouvia aquela história absurda que eu contava em um dos nossos sagrados happy hours.

- Ai, gente, dá um desconto. Ele levou pizza e vinho. Merece uns pontinhos... – era Lili que tentava amenizar a história.

- Acorda, Lili!!! Ele queria era comer outra coisa se você quer saber... – eu dizia.

- Mas e a Olívia? Essa mulher é muito da estranha se quer saber... como assim ela está quase parindo e o marido dela vai levar pizza para ex namorada? E o que você fez, Diana?

***

Eu estava morrendo de fome e não pude deixar de resistir às guloseimas que o Pierre tinha levado para a minha casa. Eu bem sabia onde aquilo ia terminar, mas a minha fome falou mais alto. Depois de saciada, fomos tomar um ar na varanda e eu preparava o meu espírito para resistir a toda e qualquer tentação.

- E você e o Pedro? É verdade que vocês se separaram?

- Pierre, acho que eu não te devo mais satisfações, não é mesmo? – eu não queria tocar naquele assunto.

- Claro, claro... eu estou perguntando como amigo. Não quero te magoar.. só isso! – desbaratinava ele.

- Eu não estou mais com o Pedro, se quer saber. Ele voltou para Londres. Cansei de homem confuso, viu? – joguei uma indireta para ver se ele se tocava e levava o burro embora da minha casa.

- Achei que de burro já bastava eu. Apesar de não gostar desse cara, achei que ele era capaz de te fazer feliz... é um babaca mesmo. –

Só pode ser brincadeira! O Pierre tá atolado até o pescoço e ainda acha que pode me aconselhar?

- Tá ficando tarde, Pierre. Amanhã, eu acordo cedo... acho que a Olívia tá precisando de você . – quem sabe assim ele iria embora. Eu não estava nada confortável com aquela situação.

- Deixa eu ficar aqui essa noite – suplicou ele como um gatinho no cio, mas eu respirei fundo para não ser enfeitiçada por aquela voz de seda.

- Nem pensar, Pierre. As coisas mudaram agora. Você é um homem casado se não se lembra. – hello!

- Sou casado mas não estou morto. Eu não vou mentir que sinto sua falta... deixa eu ficar vai. – dizia ele tentando tocar nos meus cabelos.

- Para, Pierre. Já faço muito em te abrir a porta, tentar ser sua amiga... não confunde as coisas. Eu não vou ser sua amante... – ERA SÓ O QUE FALTAVA!

- Não seria uma má idéia... o que tem, Diana? Ia ser bem legal te visitar de vez em quando...

Eu não estava acreditando no que eu ouvia. Era isso mesmo?!

***

- O QUÊ?! – berrou Betina chamando a atenção dos outros frequentadores do bar. – O Pierre passou dos limites né?

- Eu também desacreditei quando ele me fez essa proposta... virar amante de ex-namorado já é um pouco demais né? – dei um gole no chope.

- Mas você aceitou?!

- Claro que não, Lili. Mas a culpa é minha, eu sei...

- Culpa do quê? O cachorro aqui é ele, Diana. – bufava Betina.

- Mas eu deveria ter dado um basta desde o começo, Bê. Mas não. Lá fui eu ser amiga, abrir a porta, dar o colo e o corpo e agora ele acha que é assim. Fácil!!! – suspirei fundo.

***

- Pierre, por favor, vai embora! Eu não quero ser grossa com você, mas eu serei se preciso hein? – eu me dirigia à porta batendo as tamancas e fula para não dar um tapa na cara dele ou um beijo naquela boca.

- Desculpa, Diana. Eu não quero te desrespeitar. Você entendeu errado. Eu sei que sou casado, mas você também sabe que eu gosto de você e que eu fui forçado a fazer isso.
Eu achei que não teria mal nenhum... – ele tentava se explicar.

- Achou mas se enganou. O casamento, para mim, é algo para se respeitar, Pierre. Não sei de onde tirou essa idéia de jirico que eu seria sua amante. Nem morta!!! Agora, por favor, vai embora. – abri a porta e nem olhei para vê-lo ir embora.

***

- Isso mesmo, amiga. Colocou ele no lugar dele. – brindava Betina.

- Acho que pegou pesado, Diana. Pensa bem – filosofava Lili – ele era seu namorado, daí a Olívia se meteu na história, tirou ele de você... não seria pecado tirar ele
dela também! –

- Cala a boca, Liliana. Não coloca minhocas na cabeça da Diana. – minha advogada do diabo parecia mais nervosa do que eu. Essa era Betina.

- Não é uma questão de disputa, Lili. Acontece que eu sei muito bem a confusão que o Pierre é. Não vale a pena colocar a mão nessa fogueira. Além do mais, ultimamente... eu acho que ando com um carimbo de amante na testa... se não bastasse o Pierre... eu
encontrei o Juca.

***

Eu voltava do supermercado para casa a pé. A noite estava linda e eu resolvi praticar uns exercícios. De repente, ouvi uma voz que me chamava e quando olhei para trás vi o Juca.

- Oi, gata, perdida por aqui? – ele se aproximava me dando beijinhos na bochecha. Ou melhor, quase na boca, mas desviei.

- Eu moro naquele prédio ali e você?

Vi que ele se engasgou na resposta. Deu uma desculpa qualquer e logo me convidou para
um chope. Como eu estava cheia de sacolas de supermercado, convidei-o a subir no meu apartamento.

- Que casa linda hein! Igual a dona – emendava um xaveco.

- Pronto. Podemos ir.

- Tem certeza que quer sair? – dizia ele me dando um abraço por trás. – Você podia cozinhar algo para gente... e depois...

- E depois você vai para a casa da sua esposa?

O Juca quase desmaiou com o meu golpe fatal. Até me empurrou para longe dele.

- Esposa?! Tá ficando louca, gata? Que papo estranho é esse?

- Não precisa mentir,Juca. Eu fiquei sabendo que aquela festinha era sua despedida de solteiro. Ia me enrolar até quando?

- Eu ia te contar, gata. Mas não tem nada a ver... isso é algum impedimento para mim?

Meu Deus, virei a rainha dos casados e não estou sabendo?

***

- Que cara de pau! Ainda pergunta se tem impedimento? – questionava Betina. – E você disse o quê?

- Eu aceitei tomar o chope, mas não fiquei com ele.

- Fica atiçando, Diana. – dizia Lili.

- Eu não fiz nada demais. Só tomei um chope. Mas deixei bem claro que aquela era a nossa despedida. – eu ri – Coloquei ele no lugar dele.

- Mas e o Juca já casou?

- Ai, Betina, bem entrei nesses pormenores. Já basta ter entrado na história do Pierre né?

Continuamos jogando conversa para o ar. Na hora de ir embora, enquanto aguardava o carro chegar do valet, fui abordada por um homem.

- Desculpa ser chato, mas eu não pude deixar de reparar em você a noite inteira. – dizia ele – Prazer, Eduardo.

Quando ele me deu a mão, não pude deixar de reparar na aliança que ofuscava os meus olhos. Mais um não!!!!! O que está acontecendo? Casamento virou troféu, por um acaso? Ou algum chamariz para conseguir mulher? Antes que ele se engraçasse mais comigo, meu carro chegou e eu agradeci a todos os deuses. Sozinha sim, amante nunca. Me poupe né?

PAPO DE CALCINHA: E, VOCÊ, JÁ ATRAIU MUITOS HOMENS CASADOS? O QUE ACHA DE SE ENVOLVER COM UM DELES?

quarta-feira, agosto 08, 2012

FESTA NO APÊ


POR LETÍCIA VIDICA


- ... eu estou ótima, meninas. Não podia estar melhor. Cansei de sofrer. Não vou negar que eu ainda penso no Pedro. Vai ser normal, por um tempo. Mas preciso deixar a minha vida mais colorida sabe? Tá muito sem graça. Estou precisando de novas emoções. – eu desabafava para minhas escudeiras em nosso sagrado ritual de sexta-feira.

- Assim que se fala, minha amiga. Nessa vida, a gente tem que ter histórias para contar. Bora preencher as páginas desse livro aí. – era Lili que me animava.

Eu realmente estava mais animada e pronta para novas aventuras. Aproveitamos o
momento feliz para brindarmos com nossas canecas de chopes. Em meio ao nosso brinde, fomos surpreendidas por um bonitão que parecia bem íntimo da Lili.

- Liloca, quanto tempo!!! Continua uma gata hein? – dizia o bonitão beijando e dando um apertão na Lili.

- Oi, Breno, tudo bem? – dizia Lili, com sua familiar voz de sedução. Logo nos ligamos que ele se tratava de um affair antigo. – Já tá indo embora?

- É, estou esperando o Juca. Ele foi no banheiro. Falando nisso, a gente tá indo lá para o apê dele. Vai rolar uma festinha lá. Só para os amigos. E, claro, que vocês são minhas convidadas de honra, meninas.

Rimos sem graça com o convite de última hora, mas Lili parecia bem interessada em conferir a festinha. O tal do Juca voltou do banheiro. Era gatíssimo por sinal e fez questão de reforçar o convite. Disse que não aceitava desculpas e passou todos os seus contatos para gente.

- Você não disse que estava precisando de novas emoções, amiga? Olha só como Deus é bom. Simbora para festinha do Juca?

- Meninas, vocês podem ir. Eu tô legal. Já passei da idade das festinhas. – era Betina que tentava pular fora.

- Ai, Lili, mas a gente nem conhece esses caras direito. Vai saber se essa festinha não é só um prato cheio para atacar a gente? – mesmo excitada com a aventura, fiquei com a pulga atrás da orelha.

- Podem parar de graça. Betina, nem pense em não ir com a gente, tá legal? Você tem muita juventude para gastar que eu sei. E, Diana, relaxa! O Breno é um velho amigo.
Eu conheço ele muito bem. Não tem perigo algum. E aí, bora?

Como negar baladinhas era uma afronta para a Lili, mergulhamos rumos a tal festinha. Como eu estava na pista para novos negócios, deixei o medo de lado e corri para o abraço.

***

- Tem certeza que o prédio é esse, Lili? – perguntava Betina, já irritada, depois de darmos cinco voltas no quarteirão. – Se não for esse, estou dando meia volta e indo embora hein?

- Calma, Betina, é esse mesmo! Acabei de mandar uma mensagem pro Breno. Ele tá descendo.

- Gente, se a coisa esquentar lá em cima, a gente sai correndo hein? – eu alertava as meninas. Afinal de contas, vai que a gente era o prato principal da festinha.

***
Entramos no tal apê e mal conseguíamos respirar. A festinha estava bombada. Saía gente pelo ladrão e não havia espaço que já não tivesse sido preenchido. O Breno veio nos receber (já parecendo um pouco animado), agarrou a Lili e se embrenhou no meio da festa. Betina resolveu ir pegar um drinque e logo vi que se enturmou com a turma da caipirinha. Ela adorava bancar o barman nas festinhas. E eu fui tomar um ar na varanda junto com a galera do fumódromo e do narguilé.

- Isso eu não admito. Sozinha na varanda não vale né? – era o gato do Juca que me flagrava no momento solidão. – Não tá curtindo a festa?

- Que nada! Tá tudo ótimo. Eu estou esperando as meninas. – respondi sem graça e tentando não olhar para aquele bíceps nu (como ele era gatooo!!!) – Falando nisso, você viu a Lili por aí?

- Ih, relaxa, gatinha. – dizia ele colocando o braço musculoso em volta do meu pescoço. – A Lili está em boa companhia. – sorriu ele maliciosamente – Fica tranquila que eu não vou te deixar sozinha. Aceita minha companhia? – sugeria ele me dando o braço.

Quem vai negar o convite de um gato desses? Ele me puxou para a sala e logo me enturmou com a galera. Que presente hein? Entre uma caipirinha e outra, ele aproveitava para me abraçar (como ele adorava me abraçar) e repetir que eu era linda.

- Amiga, o gato tá na sua hein? – dizia Betina.

- Eu estou até estranhando. Eu não estava mais acostumada com tanto elogio assim.
Nossa, mas cadê a Lili? Já faz mais de uma hora que a gente chegou e ela sumiu! Tô ficando preocupada...

- Parece até que não conhece sua amiga, Diana. Aposto que está melhor que a gente.

- Gataaaa... vem dançar comigo vem. – Juca me puxava pelo braço e me levou para o meio da pista para dançar um funk no meio das garotas piriguetes da festa.

Deixei o álcool da cachola dançar por mim. Quando vi, eu estava rebolando até o chão e o Juca me admirava com carinha de safado sentado no sofá. Essa noite promete! Acho que vou ter liberar geral hein?

Depois de bancar a Valeska quase popozuda, dei uma fugidinha para a varanda, onde estavam Betina e seus fumantes. Minha amiga parecia bem enturmada por lá, praticamente, atracada em um menino que parecia cheirar leite e devia passar o dia todo compondo novos pancadões.

- E aí, Diana quebra barraco! Arrasou na sala hein? Para quem disse que não sabia mais dançar...

- Tem coisas que a gente nunca esquece, não é mesmo? – emendei.

- ‘Peraí, eu te conheço... eu vou lembrar... espera aí – dizia uma garota ruiva, enquanto emendava seu segundo cigarro fazendo força para lembrar de mim – Já sei!
Você é a garota do pneu... isso mesmo, a garota do pneu.

Eu não estava entendendo bulhufas, mas independente de onde ela me conhecia, o que eu menos queria era encontrar alguém que me conhecesse.

- Do casamento da Olívia e do Pierre. Isso mesmo. Como eu pude esquecer! Tudo bom? Prazer, eu sou a Paulinha. – dizia ela me puxando e me dando um beijo, enquanto eu permanecia estática prestes a ter um surto. – Eu sou prima da Olívia, praticamente irmã...

Pronto, fudeu. A minha máscara ia cair.

- ... e você... é a Diana não é mesmo? A ex do Pierre? Gente, essa garota é irada... não é que ela...

Antes que a bocuda da Paulinha terminasse a história, fomos interrompidas pelo Juca que chegava.

- Ahá, encontrei a minha Lady Di – dizia ela passando o braço sobre o meu pescoço e me dando um apertão – Não some não, gata. Tá tudo bem por aqui? Estão tratando a minha deusa bem? – dizia ela me dando um beijinho na bochecha e emendando um apertão.

- Jucaaaa – gritava a Paulinha – Você não vai acreditar. Eu conheço a Lady Di. A gente se encontrou no casamento da Olivinha...acredita?

- Olivinha, grande Olívia – suspirava Juca como se já conhecesse Olívia de outros carnavais – Mas como assim? Quer dizer que você não é exclusividade só minha, gata?

Paulinha ameaçou começar a recontar a história do pneu furado no dia do casamento do Pierre, mas antes que a galera – que já estava aflita pelo fim da história – soubesse que eu tinha ido espionar o casamento do meu ex, fomos interrompidas pelo Luis Otávio que chegara na festa. Eu quase surtei quando vi ele e o Juca se cumprimentando como velhos conhecidos.

- Diana? Betina? Ué, conhecem o Juca? A Lili tá aqui também? – ele perguntava assustado.

- A Lili? A Lili? – eu engasguei.

- Ela tá por aí... – completou Betina quase enfiando um maço de cigarros inteiro na boca.

Parecendo perceber o embaraço, Juca levou Tavinho para um drinque.

- Ferrou! Cadê a Lili? – eu perguntava.

- Não sei, Diana. Mas agora a casa caiu para ela.

Calmamente e arrumando os cabelos, Lili apareceu na varanda na maior cara lavada.

- Liliana Bittencourt, teu santo é forte! Onde você se meteu mulher?

- Calma, gente! Eu estava ótima... só estava relembrando alguns assuntos com o
Breno... e vocês estão curtindo a festa?

- A festa está ótima, mas pode azedar para você. Você não sabe quem acabou de chegar! Luis Otávio.

Lili ficou pálida e sem palavras. Parecia até que ia ter um treco.

- Oi, Lili! Tudo bem com você? – dizia Luis Otávio na varanda.

- Oi, Tavinho, que coincidência! Você conhece o Juca? – perguntou ela.

- Para você ver, gata. O mundo é um ovo. O Jucão aqui é um grande amigo do futebol. – dizia Tavinho abraçando Lili numa atitude suspeita de quem ia dar o bote.

Nessa hora, Breno apareceu na varanda com dois copos de caipirinha.

- Lili, tá aqui a sua bebida ...

Breno também pareceu se assustar com a cena e ficou parado com as bebidas nas mãos.

- Oi, Breno, TUDO BEM? – enfatizou Luis Otávio – Então, VOCÊ E A LILI já se conheciam? – alfinetou.

Um silêncio mortal pairou no ar. Eu esperei a hora em que os dois iam se atracar e alguém voaria da varanda. Juca percebendo a situação convidou todo mundo para ir à sala ouvir um de seus amigos tocar violão. O clima de luau no apê pareceu esfriar os ânimos.

Enquanto todos se distraíam com o violão na sala, Juca me puxou pelas mãos e saímos de lá sem ninguém notar.

- O que foi, Juca? ´- perguntei ainda um pouco ingênua ao entrar naquele quarto.

- Minha princesa merece um lugar mais reservado. – dizia ele trancando o quarto – Aqui é o meu castelo, gata. E eu quero você... – dizia ele me agarrando e me pressionando contra a porta.

- Calma, vai com calma – respondi, tentando me desvencilhar daqueles braços fortes e daqueles músculos todos. Confesso que me assustei um pouco com a reação. Depois de passar tanto tempo transando só com o Pedro, eu me sentia como uma virgem novamente.

- Relaxa, Lady Di! – dizia ele beijando o meu pescoço e tentando me beijar.

- Mas e todo mundo? As meninas vão sentir minha falta...

- E dai? Tá todo mundo bem distraído lá na sala e outra, aqui no meu castelo, mando eu...fica tranquila... agora relaxa e vem aqui.

Fui vencida pelo meu tesão, por aqueles músculos, pelo xaveco barato, pela aventura e pela minha enorme vontade de me disvirginar do Pedro. Caí na cama e nos braços do Juca.

***

Quando saímos do quarto, havia apenas meia dúzia de pessoas na sala. Saí arrumando o cabelo e ainda tentando disfarçar o que tinha acontecido. Não me dei conta, mas ficamos mais de uma hora trancados naquele quarto. Já eram quase cinco da manhã.

- Acho que é hora de criança ir para casa, não é mesmo? – era Betina quem fazia o chamado tentando se desvencilhar dos braços do MC Moleque dela.

- Que isso, gente. Tá cedo... vamos beber mais uma? – sugeria Juca cheio de ânimo.

- Acho melhor a gente ir mesmo – Lili concordava como quem quisesse se livrar do Tavinho. Ele não parecia com cara de bons amigos.

Depois de convencermos todos que era hora e de mais uma saideira de caipirinha, conseguimos escapar do apê. Mas eu ainda tive que prometer ao Juca que eu voltaria qualquer dia desses para uma visitinha íntima. Como se ele fosse lembrar quem sou eu no dia seguinte... abafa!

- Gente, que noite maluca! Mas a festinha foi sensacional... – eu dizia enquanto dirigia para casa. – Lili e o Tavinho? O que você disse para ele?

- Ai, gente, o Luis Otávio não está com essa moral toda para me cobrar fidelidade, vamos combinar né? Eu omiti algumas verdades, não contei que eu transei com o Breno, mas disse que a gente ficou sim. Afinal, o fofoqueiro do Juca já tinha contado para
ele.

- Adorei que você meteu um galho na cabeça do Tavinho. – ria Betina – Cornooo...

- E, você, hein bem? E aquele garotinho cheirando leite? E aí rolou? – eu perguntava.

- Ai, meninas, o menino estava com os hormônios à flor da pele. Me levou pro banheiro e tentou fazer o serviço, mas ele era péssimo... eu quase tive que ensinar?! – ria Betina. – Assim não dá, hein? Na próxima festinha, se ele estiver, eu estou fora!!!

- Gente, eu preciso contar um bafão para vocês... – confessava Lili – O Breno me contou que essa festinha foi a despedida de solteiro do Juca, acreditam?

Eu quase bati o carro. Freei com tanta força que faltou pouco para não entrar no poste.

- O QUÊ???? O Juca vai casar? O que é isso agora? Eu virei presente de despedida de solteiro? Que filho da mãe. E ele não me disse nada... mas ele não estava de aliança, estava?

- Pelo que o Breno me contou, a namorada dele mora no interior. Ele se casa daqui duas semanas... Diana, pensa pelo lado positivo, você foi praticamente a noiva...

Rimos para não chorar. Apesar de ficar pasmada com o fato do Juca ser noivo, resolvi dar um desconto já que ele tinha me proporcionado fortes emoções. E isso era tudo que eu precisava. Fomos para casa ansiosas pela próxima festinha no apê.

PAPO DE CALCINHA: E VOCÊ JÁ CURTIU UMA FESTINHA NO APÊ?