quarta-feira, março 28, 2012

A VIAGEM: O FIM



POR LETÍCIA VIDICA

- Alguém me diz por que tudo que é bom dura pouco? – eu questionava minhas amigas enquanto comíamos no nosso restaurante que já havia se tornado o nosso preferido La Cocina de Carmela. Um bistrô muito aconchegante, com uma dona muito simpática e, o melhor de tudo, comida boa e barata. O que é providencial para os últimos dias de uma viagem.

- Dura pouco mas ainda não acabou. Por isso, sou a favor de aproveitarmos até o último minuto. – dizia Lili – Descobri que essa noite vai rolar uma aulinha de salsa lá no albergue e a gente vai participar, óbvio né? Aquele americano gracinha vai
participar e eu é que não vou perder...

- Será que o Christian vai estar lá? – eu perguntava avaliando as minhas possibilidades de ainda terminar aquela viagem me dando bem.

- Não só estará como vai ser o professor... – completava Lili, a nossa Sherlock do amor.

Continuamos a tagarelar enquanto terminávamos o almoço. Digo tagarelar – eu e a Lili- porque a Betina não parava de responder e-mails no Iphone dela.

Depois do almoço resolvemos bater perna pelas ruas da cidade e fazermos umas comprinhas básicas. Afinal, de que vale uma viagem sem as comprinhas?

***

- Meninas, não tenho palavras para agradecer o que vocês fizeram por mim. É como se eu fosse sair daqui uma outra Diana, sabia? – eu suspirava enquanto admirávamos o mar sentadas nas muralhas da cidade.

- A gente não fez nada. Você foi quem se ligou, amiga. – dizia Betina

- Mas o Pedro não deu sinal mesmo?

- Não sei, Lili. Resolvi não ir mais atrás de notícias. Quando eu chegar no Brasil, resolvo isso. Agora acho bom a gente se apressar porque eu não quero perder a aula de salsa. Por que esse problema eu tenho que resolver hoje...

Voltamos para o albergue abarrotadas de sacolas, despertando os olhares dos moradores locais e elogios – principalmente – dos homens. Tenho certeza que a gente foi assunto na coluna social do jornal da cidade. Em poucos dias, já tínhamos feito amizade com o garoto da carruagem, o tiozinho que vendia comida na rua, o gerente do supermercado, a dona do bistrô...já estava me sentindo parte daquele lugar. Vai ver esse é o meu lugar né? Pensei seriamente em não voltar ao Brasil.

***

A noite estava quente e todos os hóspedes do albergue resolveram sair de suas tocas e confraternizavam no hall central antes da aula de salsa. Lili foi logo se envolvendo com os brasileiros que estavam servindo gelatina de vodka. Betina e eu conversávamos com uma australiana e uma londrina (doidas) que estavam no quarto da frente até sermos interrompidas por duas brasileiras que descobriram nossa verdadeira identidade ao nos flagrar falando em português. Foi então que o americano que a Lili achava gracinha – apesar da timidez – foi introduzido em nosso grupo e, em poucos minutos, aquele lugar parecia a torre de babel. Cada um se virava do jeito que sabia para conversar e, o melhor, é que todo mundo se comunicava. Foi quando... o Christian chegou. Me deu um sorriso encantador e organizou o pessoal para a aula de salsa.

Poucos minutos de aula foram suficientes para me deixar suada e com a língua de fora. Só não desisti porque a aula estava divertidíssima e o argentino que era meu parceiro não me deixava parar de dançar.

- Então, estava escondendo o jogo? – perguntava o meu Deus de Ébano ao se aproximar de mim.

- Eu? Quase morri em cinco minutos de aula... não tenho mais idade para isso. – eu dizia ainda ofegante.

- Mas a noite está só começando e você já está cansada?! Estou de folga essa noite...

Foi a deixa que eu precisava.

- Alguma proposta?! – insinuei.

Foi quando fomos interrompidos pela Lili que já estava bem louca de gelatina de vodka e gritava para nos convidar a ir a uma balada tradicional de salsa na cidade. Sob forte insistência dela, aceitamos o convite. E o Christian, claro, foi junto.

Seguimos em caravana até o tal local. E nem foi preciso uma bandeira para identificarem que éramos – em maioria – brasileiros. A nossa animação, as músicas que cantávamos e as gargalhadas revelavam o nosso jeitinho brasileiro de ser. Durante o caminho, percebi que uma teenager de Bogotá estava jogando as asinhas dela para cima do MEU Christian.

- Alguém pode me dizer o que aquela piriguete Chiquitita tá fazendo? – perguntei furiosa para Betina.

- Nega, a pivetinha ali está jogando com todas as armas para cima do negão. Daqui a pouco, ela vai tacar outra coisa na cara dele.

Fiquei irritadíssima, mas resolvi não jogar com a mesma moeda. Me afastei dele.
Durante toda a balada, tentamos ficar juntos, mas a pirralha estava sempre no pé. Resolvi desencanar e caí na salsa no meio da pista com as meninas. Ali, achei que meu jogo já estava vencido.

***

- Está com sono? – perguntava Christian quando retornamos ao albergue no meio da madrugada.

- Um pouco. – respondi rispidamente.

- Não quer dar uma volta?

- Achei que já tivesse companhia para essa noite...

Christian me estendeu as mãos e fomos andar pelas vielas de Cartagena. Como sempre, a companhia dele era agradabilíssima e mais agradável ainda foi ouvir que ele não aguentava mais a teenager no pé dele.

- E pensar que amanhã a essa hora estarei quase chegando no Brasil... – eu suspirava.

- Pensa nisso agora não. Vai ser muito chato ficar em Cartagena sem você.

- Para de ser bobo. Aposto que você diz isso para todas as turistas que vem para cá.

- Apenas para as mais especiais. – dizia ele segurando nas minhas mãos e olhando nos meus olhos.

Sorri para não ficar sem graça.

- Adoro o seu sorriso sabia? Te deixa ainda mais linda. – disse ele mexendo nos meus cabelos, no meu rosto e... tcham tcham tacham tcham... finalmente nos beijamos. Intensa e longamente, nos beijamos.

- Eu não te deixaria voltar para o Brasil sem antes ficar com uma lembrança sua. – ele disse.

***

- Meninas, agora sim posso voltar para casa. – eu dizia enquanto esperávamos a chamada do voo na sala de embarque.

- Também depois do beijo daquele homem maravilhoso, até eu né? – dizia Betina.

- Mas não falo só pelo Christian. Ele é um gato, claro. Não posso negar...mas é que eu me sinto mais eu sabe? Não sei como explicar, mas é como se algo que eu tinha perdido...eu encontrei aqui... Amo vocês. Já disse isso hoje?

- já!!! – repetia as duas em coro.

Assim como cena final de novela, nos abraçamos no meio do saguão do aeroporto. E me senti ainda mais forte para encarar os fantasmas que me aguardavam a cerca de seis horas dali.

4 comentários:

Mel Silva disse...

Nada como ter amigas neh.

Mas então tudo que é bom dura pouco, e agora a Diana vai voltar para o Brasil e para os velhos problemas.

Espero ansiosa a continuação, não demore, suas leitoras precisam de você.

Anônimo disse...

Ai ....... eu quero amigas assim!! E uma viagem dessas!! To precisando urgentemente, nem que seja pra Santos mesmo!

Isa disse...

Nossa, sou fissurada no seu blog! Tô smp passando para ver as novidades e as aventura dessas três. É ótimo fazer uma viagem acompanhada de pessoas animadas que nos ajudam a levantar o astral. E já estou curiosa para saber o vai acontecer com Diana qndo ela chegar ao Brasil, por favor não demore de postar os próximos acontecimento tá!? xau!

jeane disse...

amigas depois de mãe e de filhos sao o melhor amor q existe