quarta-feira, fevereiro 29, 2012

A TPM É DELES



POR LETÍCIA VIDICA

- Diana, tudo bem? Nossa, que cara péssima é essa?

Fui flagrada pela Julia, namorado do Digão, um dos melhores amigos do Pierre. Tudo que eu menos precisava naquele dia em que meu humor não estava dos melhores, aconteceu. Tentei me esconder de tudo e de todos na praça de alimentação de um shopping qualquer, mas não foi possível.

- Oi, Julia, tudo bem? – respondi tentando disfarçar o meu ânimo depressivo.

- Nossa, que bom te encontrar, menina. Estava mesmo querendo falar com você... – dizia Julia já se acomodando na minha mesa.

Pena que eu não podia dizer o mesmo. Naquele momento, eu não desejava encontrar ninguém sabe? Eu adoro a Julia. Ela é uma fofa, sempre nos demos muito bem...mas é aquela coisa. Ela me fazia lembrar do Pierre. Era incontrolável.

- Tenho uma novidade para te contar... Eu estou grávida!!! – saltitava Julia no seu momento cegonha. – E estava desesperada atrás de você porque vou fazer o meu chá de bebê no sábado e quero muito que você vá. E sem desculpas!!!

Pois é, eu bem queria inventar uma desculpa. Ainda tentei argumentar com a Julia, mas ela estava decidida com relação a minha presença no chá de bebê dela. Apesar de gostar muito dela, eu já não pertencia àquele mundo e também não estava a fim de dar explicações sobre eu e o Pierre ... e o pior ter que enfrentar a Olívia.

- Pode ficar tranquila que aquela lá não foi convidada viu? – adiantou-se Julia, referindo-se a Olivia. Acho que ela leu meus pensamentos.

- Não, tudo bem. Se ela for, vou ficar na minha. – menti.

- Você sabe muito bem que eu não gosto dela e não perdoei o Pierre. Ele foi um canalha. O Digão vive insistindo para que eu seja simpática com a garota e tal, mas eu não consigo, Diana. Eu acho um absurdo... – Julia desatou a falar, falar, falar...eu mal ouvia o que ela dizia...mas algo me chamou a atenção... – Você acha... agora estão com uma idéia de casar. Casar???

Epa! Agora a história ficou interessante. O Pierre vai casar? Foi como uma faca atravessando o meu peito a sangue frio e sem anestesia. Julia se despediu porque tinha algum compromisso e me intimou sobre o chá de bebê mais uma vez.

***

- E aí, gata, ainda não tá pronta para o chá de fraldas? – essa era Lili que tinha se candidatado a ir comigo no chá de bebê da Julia.

- Essa idéia é maluca, Lili. Eu não vou... – eu dizia ainda de pijamas no sofá.

- Nananinanão. Pode levantar que a gente vai sim. E vamos tirar essa história de casamento a limpo viu?

Convencida por minha fiel escudeira, me troquei e fui arrastada ao chá de bebê. Óbvio que cheguei lá com um frio na barriga e medo de encontrar o Pierre e a Olivia, mas a barra estava limpa...ainda. Todas as namoradas dos amigos do Pierre fizeram festa ao me ver e ficaram me interrogando sobre como eu estava, se estava namorando, se estava trabalhando e etc etc etc.

Ainda bem que consegui me desvencilhar do interrogatório quando o Digão apareceu e me ofereceu uma cerveja. Acompanhei-o até a cozinha, mas não percebi que aquilo era uma saída de mestre.

- Que bom te ver, Diana. Continua lindona hein? Tá tudo bem com você? – insinuava Digão. Eu senti que ele estava analisando o meu terreno.

- Tá tudo bem sim. Parabéns pelo bebê. Estou muito feliz por vocês. Sabe que sou fã de vocês né? Formam um belo casal...

- Eu digo o mesmo sobre você e o Pierre, mas já que insistem nessa bobagem de ficarem separados né? – Digão dava o seu xeque-mate.

Antes que eu respondesse que eu e o Pierre não tínhamos mais nada a ver (ou tínhamos), Julia entrou na cozinha feito um furacão.

- Rodrigo, quem convidou aquelazinha?? – pelos olhos vermelhos pude ver que a fogueira estava esquentando.

- Calma, Julia. O que houve? Você sabe que não pode ficar nervosa!!! – dizia Digão tentando amansar a fera.

- A Olívia! Ela acabou de chegar... eu não falei que não queria ela aqui? Desculpe, Diana!!

- Calma, gente, tudo bem. Sem problemas. – mentira. Tinha todo o problema.

Digão puxou Julia de canto e não pude ouvir a explicação dele, mas logo imaginei que ele fez isso pelo grande amigo. Fui para a sala e encontrei Olívia sentada no meio das meninas como se fosse íntima de todas. Ela me lançou um sorriso amarelo e um olhar fatal.

- Lili, vamos embora daqui? – eu dizia de canto.

- Tá louca? Agora que o show vai começar?

- Eu não quero confusão e não me sinto nada bem no mesmo ambiente que essa daí.

- Diana, sobe no salto e deixa comigo hein?

Acho que vivi os piores sessenta minutos da minha vida. Eu só consegui olhar para o Olívia e imaginá-la beijando o Pierre, abraçando o Pierre, rindo da minha cara e quando olhava para a barriga dela meu coração doía. Ali estava sendo gerado o fruto de uma traição. Eu queria voar no pescoço dela. Me segurei. E tive que me segurar mais ainda quando ela se aproximou de mim.

- Oi, Diana, tudo bem?

Respirei fundo, contei até dez.

- Tudo sim e você?

- Não achei que ia te encontrar por aqui. Mas que bom que você veio.

Alguma ironia no ar?

- Pois é. A Julia é uma pessoa muito querida e fez questão que eu estivesse aqui. E como vai a gravidez? – alfinetei.

- Já não me aguento em pé né? Ando muito cansada sabe? Mas ainda bem que o Pierre vai morar lá em casa e vai me dar uma mãozinha.

Eu sabia que ela queria jogar isso na minha cara.

- Que bom. Parabéns ao casal!!! Dá uma licencinha...

Antes que eu cometesse um assassinato, inventei uma desculpa e zarpei de lá. A Julia me pediu mil desculpas pelo ocorrido, mas eu sabia que a culpa não era dela.

- Diana, eu não creio que você vai embora no melhor da festa.

- Lili, acorda! Melhor da festa para quem? Por que só você estava se divertindo com a desgraça alheia... A sirigaita ainda tem a cara de pau de vir ser simpática comigo? Rouba o meu namorado, engravida dele e vem jogar na minha cara que eles vão morar juntos e eu tenho que ficar bem? Me poupe, Liliana. Chega! Acabou!! Eu vou colocar um ponto final na minha história com o Pierre tá decidido.

- Di, mas será que ela roubou o Pierre de você? Ela sabia que vocês estavam juntos? Você nunca tirou essa história a limpo! Criou um monte de coisas na sua cabeça...

Talvez a Lili estivesse certa, mas eu estava puta demais para filosofar. E mais puta ainda eu fiquei quando, depois de um banho renovador, o interfone tocou e o porteiro disse que o Pierre estava lá embaixo.

- O que você quer aqui? – perguntei a ele como quem não está para bons amigos.

- Posso entrar? – ele perguntava com o rabinho entre as pernas.

- O Pedro tá aí?

- Não, o Pedro não está. – lá vinha ele sondando território.

- Eu to precisando de uma ajuda.

Ajuda? No que EU poderia ajudar? Quer que te ajude a se jogar da varanda do meu prédio? Com prazer!!!

- Eu sei que a gente não está mais junto, que eu fui um canalha, mas você é a única pessoa que ainda me ouve...

Ainda bem que ele reconhece o próprio caráter...

- Eu não sei o que fazer. A Olívia tá me pressionando para gente morar juntos, mas eu não quero. Já não basta eu ter assumido a criança? O que eu faço , Diana?

- É pegadinha né, Pierre? Chama o Ivolanda. Você não está perguntando isso para mim né?

- Eu estou confuso, Diana. Não sei o que eu faço. Tá todo mundo me pressionando, mas não é isso que eu quero para minha vida...eu quero vo...

- Pierre! Seja homem, pelo menos, uma vez na sua vida!! Assuma os seus erros. Para de ser um garoto mimado que brinca com os outros e quando cansa quer largar. Você tem uma vida que depende de você agora.

- Mas eu tenho que morar com ela? – suplicava ele. – E a gente?

- Pierre, esse não é o momento para pensar na gente. Quando você tinha que pensar, não pensou. Agora é tarde. Eu não sei o que você vai fazer, não me interessa mais e, por favor, para de me procurar como seu eu fosse a sua mãe, a sua terapeuta... Se um dia você achar que tem que me procurar como mulher, talvez eu até te ajude...mas agora, sai daqui, pelo amor de Deus!!!

Pierre ainda tentou lançar o olhar de cachorro sem dono para mim, mas eu já me vacinei contra isso. Saiu como cão abandonado na calada da noite.

- Eu não acredito que ele fez isso. Estou bege! – dizia Lili enquanto tomávamos nosso chopinho de sexta.

- Gente, bege estou eu né? O que acontece com esses homens hoje em dia? A gente que menstrua e eles que tem TPM? O Pedro precisando de um tempo, o Pierre vindo choramingar as pitangas para mim... Deus, me ajuda!!!

- Eu falo gente. Os homens viraram mulherzinha hoje em dia. Esperam que a gente ligue, que a gente pague... – desabafava Betina – Mas adorei que você pôs ele para correr. Vamos ver se ele vai ser homem mesmo.

- Ai, meninas, eu estou tão confusa, tão triste. Se eu pudesse, eu abria um buraco e só voltava ano que vem.

- Nada que uma boa viagem não cure. – dizia Lili.

- Tá louca, Lili? Viajar? Agora?

- Sabe que não é uma má idéia? – concordava Betina – Acho que você precisa de um pouco de diversão, companheira!!! Eu topo!!

- Fechou então. De malas prontas aí vamos nós.

Sem pensar, apenas ri e concordei embarcar nessa viagem sem destino. Se isso me ajudar a ficar longe de todos esses meus problemas, eu estou dentro. Agora basta saber o que me aguarda na estrada.

PAPO DE CALCINHA: VOCÊ ACHA QUE OS HOMENS TEM TPM? ESTÃO COMPLICADOS DEMAIS?

domingo, fevereiro 12, 2012

TEMPO



Por Letícia Vidica


- Eu estraguei tudo!

Essa era eu deixando meu corpo cair feito pena no divã da Jane. A santa Jane, minha terapeuta. Apesar dela ter me dado ‘alta’ há alguns meses, mesmo sob forte recriminação da minha consciência insistindo para ficar eternamente na UTI do divã, eu acabei voltando ao consultório. Ela era a minha última saída. A luz no fim do túnel. A minha salvação.

Eu tinha acabado de contar o pesadelo que vivi na noite das bodas de prata dos meus pais. Falei sobre a aparição repentina e planejada do Pierre naquela noite, do absurdo das pessoas me recriminarem achando um absurdo eu me incomodar com a presença dele, da pressão do Pedro questionando se eu o amava ou não e fazendo planos comigo , da pressão que fiz sobre mim mesma me questionando se eu amava o Pedro e se eu queria fazer planos com ele e da dor que senti quando o Pedro me propôs um tempo.

- Tempo? Eu não quero tempo!!! Poxa, eu não escolhi ficar com ele?! Pronto. Para quê complicar? - eu me questionava almejando uma resposta da Jane. Algo como um remédio para curar algum mal. Mas esqueci de que a Jane não dá respostas. Ela faz perguntas que me fazem buscar respostas fazendo mais perguntas para ela. Um círculo irritantemente vicioso.

- Tem certeza de que não precisa de um tempo? Você realmente escolheu ficar com ele ou se viu sem saída? - perguntava Jane com sua voz de professora primária, recompondo os óculos e com uma calma invejável que me despertava uma raiva e admiração tudo ao mesmo tempo.

As perguntas da Jane me lembravam a da minha mãe que saiu da festa de bodas desesperada depois de ter enfrentado uma busca desenfreada pela cidade atrás da minha pessoa, a qual tinha saído feito louca da festa com a Betina e quis ficar rodando sem rumo por mais de três horas. Marisa, minha irmã, já sem paciência comigo e depois de me chamar de mimada - egocêntrica- confusa (coisa que me admirou muito tendo em vista a mosca morta que ela é), também me fez o mesmo questionamento e Betina no seu silêncio mortal, que conheço bem quando está com raiva de mim por alguma besteira que eu tenha feito, também me perguntou isso com seu olhar.

***

- Diana?! Tá tudo bem?!

Foi isso que o Pedro me perguntou com cara de espanto depois de me deixar plantada por quase duas horas na sala da casa da mãe dele, ouvindo as lamentações da minha ex-futura-sogra de que ia ficar tudo bem e que era questão de tempo. Tempo? Essa palavra deu para me perseguir agora?!

Deixei o meu orgulho ferido de lado e fui atrás do Pedro sem pensar. Ao vê-lo, abracei-o também sem pensar como uma criança que abraça um ursinho de pelúcia.

- Não me deixa sozinha! - eu disse, mais uma vez, sem pensar parecendo uma criança que tem medo do escuro e percebe que a mãe já acabou de ler a historinha e está saindo de fininho do quarto.

Acho que o Pedro percebeu o meu desespero e não sei se por dó,piedade, amor, amizade...sei lá pediu que eu me acalmasse e fomos conversar na garagem. Nem me toquei de que a mãe dele assistia àquela cena sentada no sofá parecendo ver uma cena romântica da novela das nove.

- Por que você fez isso comigo? Por que me deixar? Você jurou que não ia me abandonar...eu não preciso de um tempo, Pedro. - desembestei a falar e a perguntar e perguntar assim como a Jane faz comigo.

- Diana, mais cedo ou mais tarde, isso ia acontecer. Não dá mais para gente se enganar. Não dá mais para você se enganar.

- Você não gosta mais de mim? - perguntei ignorando totalmente a pergunta acima. - Cadê aquele amor que você disse que sentia por mim? É assim? Você se sente ameaçado pelo Pierre e prefere cair fora? Por que os homens enfrentam seus problemas desse jeito?

- Diana, não confunda as coisas. Eu continuo gostando de você do mesmo jeito. Se eu pensasse só em mim, continuaria com você numa boa. Apenas pelo fato e pelo orgulho de ter você comigo. Eu também estou correndo um risco. Se você descobrir que realmente gosta do Pierre, eu sei que vou perder você para sempre. Mas eu preciso correr esse risco em seu respeito...

***

- ... eu fiquei sem resposta, Jane. O Pedro sempre me deixa sem resposta. Acho que foi a declaração de amor mais linda que já ouvi. Isso foi uma declaração de amor?

- Realmente, Diana, é uma atitude nobre e rara hoje em dia. Mas o que você sente pelo Pedro? Fala para mim... - perguntava Jane tomando nota de cada sílaba que eu soletrava.

- Ai, Jane. O que eu sinto pelo Pedro é algo muito calmo, tranquilo, ele me dá uma segurança que nunca senti com ninguém...quando ele está comigo eu não tenho medo de nada porque eu sei que ele vai me proteger, sabe? Eu gosto de conversar com ele, ele me escuta, me entende...tem sempre uma pergunta que me faz pensar...eu odeio quando ele pergunta mas adoro quando encontro a resposta... Eu não tenho aquele calafrio, aquele turbilhão de emoções por ele como eu tinha pelo Pierre... mas eu tenho muito carinho e um sentimento diferente que eu não sei explicar... - nossa, é tudo isso mesmo? Se eu estou dizendo, é né?

- O Pierre mexe com meus instintos mais primitivos...é como se ele despertasse em mim um vulcão. Parece amor e ódio juntos sabe?! Confesso que eu ainda sinto isso quando vejo ele...mas acho que é coisa de pele né? O Pierre me leva do 8 ao 80 num segundo...ultimamente tenho ficado mais no 80 sabe? Foi isso que eu senti na festa... acho que fiquei com raiva de mim mesma quando percebi que eu não consegui disfarçar tudo isso.

***

Apesar de ter toda essa consciência sobre os meus sentimentos pierrianos, eu não tive coragem de revelar isso para o Pedro quando ele perguntou...

- Confessa, Diana, você ainda gosta do Pierre né?

Fiquei muda por alguns segundos, mas lembrei que quem cala consente. Voltei a tagarelar.

- Para com essa bobagem, Pedro. O Pierre é passado...

- É um passado presente, Diana. E eu não posso suportar conviver com esse passado mal resolvido de vocês. Não me entenda mal. Eu não estou brigando...eu sabia que eu corria esse risco quando me envolvi com você...mas também achei que ia se resolver logo e vejo que não é assim...

- Então vai me entregar de bandeja para ele? É isso mesmo? - comecei a me irritar com o lado Freudiano do Pedro. Poxa! Eu vim até aqui, enfrentei o meu orgulho, estou me humilhando para o cara fazer doce?!

- Diana, eu já te disse. Eu não estou te entregando de bandeja...estou te ajudando.

- Bela ajuda, viu?! Não vê que, mesmo se eu quisesse, a minha história com o Pierre já está para lá de complicada? O cara vai ter um filho com a piriguete que ele me traiu e você ainda acha que eu ainda tenho algo para resolver com ele? - eu disse enfurecida.

O silêncio mortal do Pedro e o olhar irônico dele me respondiam que a raiva que eu esbanjei nessa declaração já era um sinal de que eu realmente tinha muito a resolver com o Pierre. Tudo bem, eu me rendo, mas tem que ser sozinha mesmo?

- E se eu admitir que talvez eu realmente tenha algumas lacunas em aberto com o Pierre, mas juro que numa conversa se resolve...você fica comigo?

Eu mal pude me reconhecer. O meu coração batia descompassado, eu parecia uma louca descabelada e meu olhar seguia o Pedro que andava de um lado a outro da garagem.

- Eu sempre ficarei com você, mas agora não dá. Eu estou indo viajar.

Opa! Por que eu não desconfiei que a vida não ia deixar de me pregar uma peça?

- Eu estou indo para Inglaterra. Seis meses. Vou fazer um curso. Me avisaram ontem que eu passei.

- Como assim?! Seis meses?! Logo agora? Por que não me contou nada ou você já estava planejando tudo isso?

- Diana, não pira. Eu não esperava por isso. E, naquela época que eu fiquei desempregado,eu atirei para todos os lados né. Além do mais, esse curso vai me ajudar muito na minha nova sociedade e esse tempo vai fazer muito bem para gente.

Tempo...aí está a palavrinha mágica de novo.

***


- Eu não podia ser tão egoísta com ele, Jane. Ele estava sendo tão compreensível com a minha vida, mas seis meses? Será que eu vou agüentar? É tempo demais... - eu lamentava.

- Nada é por acaso, querida. Aproveita esse tempo para cuidar de você, pensar em você, conhecer você... a gente nunca vai amar ninguém sem conhecermos a nós mesmas, sem amarmos a nós mesmas...

- Ele partiu ontem. Nem quis que eu fosse no aeroporto. - eu dizia deixando algumas lágrimas caírem dos meus olhos. - A Betina disse que foi melhor assim...mas eu estou me sentindo meio perdida sabe? Mais até do que quando terminei com o Pierre...

- É que agora não tem muleta, Diana. Agora é você com você mesma. E ficar com a gente mesmo pode ser assustador em alguns casos, mas a descoberta vale muito a pena. Escute-se, Diana. Sinta-se. Não tenha medo de mergulhar para dentro de você. Vai te fazer muito bem. Te vejo semana que vem, tudo bem?

Como uma sineta que soa dizendo que a hora do recreio acabou, eu retornei para casa com as frases da Jane ecoando na minha mente. Não tenha medo de mergulhar para dentro de você.
Estou agora me preparando, treinando para esse mergulho... o problema é que ainda não descobri se vou encontrar um tubarão , uma sereia ou um baú de tesouros dentro de mim, mas a vida é mesmo uma caixinha de surpresas né? Então, vamos embora.

PAPO DE CALCINHA - Você acha que o tempo funciona?