terça-feira, janeiro 24, 2012

O QUE É O AMOR?



POR LETÍCIA VIDICA

- Nossa, mãe, para quê tanto nervoso? Parece até que nunca casou... - para variar, eu brigava com a minha mãe ao vê-la parecendo uma virgem que vai se casar pela primeira vez. Era a boda de prata dos meus pais e eu e a Marisa (minha irmã) ajudávamos minha mãe a se trocar no camarim da igreja.

- Ai, filha! É como eu me sinto. Como se tivesse casando com seu pai pela primeira vez mesmo. - suspirava minha mãe - Será que ele já chegou?

- Calma, mãe, a noiva aqui é a senhora. A senhora tem o direito de se atrasar. Papai deve estar lá fora. - acalmava Marisa.

- Nossa, nem parece que nossa história de amor nasceu há 25 anos, ou melhor. há quase 30 né? - suspirava minha mãe pela quinquagésima vez e sempre suspirava quando falava do papai. - E o melhor de tudo é que eu o amo cada dia mais...

- Ai, que lindo, mãe! Queria tanto que fosse assim entre eu e o Arnaldo... - dizia Marisa, enxugando uma lágrima teimosa que insistia em cair do olhos dela anunciando que o casamento dela talvez nem completasse as bodas de plástico.

Enquanto minha mãe me abraçava, fiquei pensando se um dia eu sentiria o mesmo que minha mãe sente pelo meu pai. Amor. Isso sim é amor. Será que vou amar um único homem um dia por tantos anos? Será que eu já amei? Ou será que nem sei o que é o amor? O que eu sentia pelo Pedro? E o que eu senti (ou sinto) pelo Pierre? Amei algum dos dois? Fiquei delirando nessas e em outras questões enquanto assistia á cerimônia das bodas no altar.

***

- Será que um dia vai ser a nossa vez, Di? - perguntava Pedro na festa, depois da cerimônia.

O que eu ia responder se ao menos sei o que sinto por ele. Será que é paixão suficiente para durar tantos anos? Ou será amor que vai se eternizar e um dia seremos nós? Mas eu quero que seja nós? Quero que seja com ele?


- Calma, apressadinho! Tudo no seu tempo - saí pela culatra.

- Você sempre desliza, né? Mas eu ainda te pego viu? - Pedro me deu um selinho e foi socializar com os outros homens da festa. Resolvi então dar uma fugidinha para a mesa das luluzinhas.

- Parabéns pelos seus pais, Diana - dizia Lili - Chorei tanto na cerimônia. Acho lindo o amor verdadeiro sabe? Quando forem as minhas bodas com o Tavinho quero que seja assim.

- Não me faça rir, Lili. - ironizava Betina - O dia que você completar 25 dias sem terminar com o Luis Otávio já se sinta vitoriosa...

- Pode zoar, Betina, eu não ligo. Eu amo o Luis Otávio e ficaremos juntos sim - batia o pé a insistente da bela adormecida.

- E você sabe o que é amor, Lili?! - senti que o circo ia começar a pegar fogo - O que você sente pelo canalha do Otávio é qualquer coisa menos amor.

- E você sabe, por um acaso? Vive aí sozinha, mal amada... - irritou-se Lili

- Calma, meninas. Não é hora para lavar roupa suja né? - eu tentava amenizar.

- Oi, meninas, posso sentar aqui? - era Marisa que chegava na mesa.

- Senta'í, mana. As meninas estão aqui se atracando para descobrir quem já amou e quem não amou...a Betina ia começar a aulinha dela...

- Que ótimo. Estou mesmo precisando ouvir isso... Eu já nem sei mais o que eu sinto pelo Arnaldo. Ainda não superei a traição. - dizia Marisa se rendendo a um copo de cerveja servido pelo garçom.

- Então, sabichona, você já amou? - alfinetava Lili.

- Já amei sim. Amei e muito...

Betina começou a nos contar que seu ex-noivo foi o grande amor da vida dela. No melhor momento da história, fomos interrompidas por um convidado ilustre da festa. Meu coração parou ou acelerou ou sambou quando vi o Pierre chegando na festa.

- O que o Pierre tá fazendo aqui? - perguntei abismada.

- Calma, Diana. A mamãe não queria que eu te contasse, mas foi ela quem convidou ele.

- Como assim?! A mamãe não tinha o direito de convidar o Pierre sem me contar...ele não tem nada para fazer aqui... eu vou lá falar com ele!!

- Diana, segura a onda.

Dessa vez, ignorei o conselho da Betina e saí como um furacão em direção ao Pierre.

- Oi, Diana, tudo bem?

- O que você tá fazendo aqui?

- A sua mãe me convidou. Ela não te falou nada? Eu não queria vir, mas ela insistiu...

- Falou e disse. Não tinha que vir.

- Te incomodo?

É óbvio que você me incomoda. Que belo dia para ficar entre o ex e o atual. Eu não tava afim de bancar a Dona Flor logo naquela noite em que eu estava me questionando quem eu amei e por quem eu me apaixonei. Mas esqueci que o destino adora me pregar peças né? Antes que eu respondesse ao Pierre, o Pedro se aproximou de mim.


- Tudo bem por aqui, gata? - disse ele me abraçando por trás e marcando território - Oi, Pierre, tudo bem?

Para minha surpresa, os dois se cumprimentaram como dois velhos amigos. Marisa sentindo a temperatura tratou de levar o Pierre para cumprimentar os meus pais.

- Você sabia que o Pierre viria? - perguntei ao Pedro.

- Sabia sim. Sua mãe me consultou antes...

- Que ótimo! Eu fui a única trouxa que não sabia de nada né? E o que você disse para ela?

- Eu disse que tudo bem. O Pierre não me incomoda. Afinal, sou eu que estou com o tesouro...

- Tô falando sério, Pedro. Fez muito mal. - eu disse soltando fogo pelas ventas e me desvencilhando do abraço do Pedro.

- Eu também estou falando sério. O Pierre não me incomoda, mas acho que ele incomoda você. E muito.

Pedro virou as costas e me deixou no vácuo pensativa com as suas frases de efeito. Odeio quando ele faz isso. E ele sempre faz isso. Insinua e deixa uma indireta no ar. Espumante. Só um espumante e uma chacoalhada na pista me fariam desestressar. Porém, nem 3 taças de espumante me fizeram relaxar. Eu estava muito, mas muito, muito puta mesmo e eu não podia falar nada para minha mãe. Afinal, a noite era dela e eu não tinha o direito de estragar tudo. Mas depois da lua de mel de bodas ela vai me ouvir. Oh se vai!!! Resolvi voltar para a mesa das meninas e me surpreendi ao ver o Pierre sentado na mesa delas.

- Senta'í, Diana. - dizia Betina com olhar de quem me diz 'segura sua onda e não desce do salto, nega'.

Eu não segurei a onda, desci do salto, mas sentei na mesa.

- Viram o Pedro por aí? - perguntei tentando disfarçar a minha vontade de expulsar o Pierre da festa.

- Acho que ele foi buscar mais bebida com o seu irmão... - dizia Betina.

- E aí, Pierre, quando nasce o filhão? - perguntou a sem-noção da Lili, loura burra, tocando no último assunto que eu queria tocar naquela mesa.

- Ah... é uma menina. Nasce daqui dois meses. - respondeu Pierre sem graça e não sei por quê olhando para mim.

- Menina? Que bacana! E qual vai ser o nome?


O que eu faço para a Lili calar a boca hein? Não é possível! Será que ela esqueceu que o Pierre fez o bebê enquanto ainda namorava comigo ?!


- Lili, para de ser curiosa... - recriminava Betina.

- Ai, gente...desculpe, Pierre, é que eu adoro crianças, sabe... - insistia Lili.

- Não, tudo bem. Dá uma licença, meninas, eu vou pegar uma cerveja ali... - Pierre saiu pela culatra, mas dessa vez eu nem liguei. Achei ótimo.

- Lili, eu vou dar um tapa na sua cara se você não calar essa boca... - eu dizia.

- Nossa, Diana, quanta ignorância. Eu não quis ofender. Afinal, você não tá com o Pedro? Não está superado?

- É, Diana, segura a onda ou , pelo menos, tenta né?

Será que todo mundo só sabe me dizer isso? Segura a onda? Espera um pouquinho. A festa é dos meus pais, o Pierre não é mais o meu namorado, ele vai ter um filho com a sirigaita que ele traçou quando estava comigo e eu não posso ficar puta? Tenho que segurar a onda? Me poupe né? Para não estragar ainda mais a festa das meninas, resolvi ir respirar no jardim do salão. Um pouco de ar puro podia me ajudar a resolver, mas o problema só estava começando.


- Até que enfim eu te achei hein...te procurei o salão todo. Tá fazendo o quê aqui sozinha? - era o Pedro.

- Só vim respirar um pouco. Tá muito quente lá dentro. - disfarcei. Eu não queria que o Pedro percebesse o quanto eu estava incomodada com o Pierre, mas ele percebeu.

- É o Pierre né? Eu sei. Desde que ele chegou na festa você está assim. Eu sei que ele te incomoda ainda.

- Não, não é isso. Já até esqueci que o Pierre está na festa. - mentira! Era impossível esquecer.

- Não precisa mais mentir para mim, Diana. Tudo bem. Você está certa. Acho que talvez você precise de um tempo mesmo...

Que papo estranho é esse?

- ... tenho pensado muito nisso. Eu te pressionei. Nem te dei tempo para esquecer o Pierre e já fui entrando na sua vida. Acho que você tem direito a esse tempo. Não é justo eu te pressionar assim...

Onde você quer chegar com esse papo, Pedro?

- ... acho que é melhor a gente dar um tempo.

- O quê? - infartei. Isso era tudo que eu não queria ouvir naquele momento. - Você tá brincando, né, Pedro?

- Não. Eu não estou brincando. Estou falando isso numa boa. Pense um pouco. Eu vou te esperar. Sempre. - dizia ele pegando nas minhas mãos.

- Não, não, Pedro. Você entendeu tudo errado. - eu suplicava desesperada. - Não é isso. Ai, meu Deus , por que eu sempre complico as coisas?! Não me deixa sozinha. - nesse momento, as lágrimas já caíam dos meus olhos.

- Vai te fazer bem, Diana. Você precisa desse tempo. Você ainda gosta do Pierre, eu sei.

- Não, NÃO!!! - acho que gritei. - Eu não gosto mais dele.

- Tá, tá... você pode até não gostar mais dele, mas de mim você ainda não gosta...

- Pedro, o que deu em você? Que papo é esse? Eu estou com você porque eu quero estar. Eu escolhi você. - eu disse abraçando ele.

- Diana, você não teve escolha. Eu fui o primeiro ombro que te ofereceram para chorar... eu te amo, você sabe disso. Mas eu não quero ser a sua muleta e também não acho justo te forçar a ter um sentimento por mim que talvez você não tenha ainda. Isso não é culpa sua. Eu não estou bravo com você... para de chorar... - ele levantava meu rosto já melado de tanta lágrima e borrado de maquiagem.

- Sai daqui, Pedro. Vai embora. Pode ir. Me deixa sozinha... - fiquei puta de tanto inconformismo. Por que os homens tem o dom de complicar quando tudo já está tão complicado?

- Não vou te deixar aqui assim. Eu te levo para casa.

- Me solta. Sai daqui. Chama a Betina - eu dizia feito um bebê chorão.

Pedro me deu um beijo na testa. Acho que sussurrrou algo como 'mande notícias ou acho que foi vou te esperar ou vai ficar tudo bem, sei lá'. Só sei que quando fui resgatada pela Betina, eu estava enterrada entre as plantas do jardim, chorando como um bebê.

- Me tira daqui. Me leva para casa. - eu sussurrei.

- Vamos. Eu levo você. Vai ficar tudo bem. - Betina me abraçou e depois saímos sem ninguém ver.

Será que vai ficar tudo bem mesmo? Mais uma vez, a vida foi uma comediante comigo. Nada mais do que tragicomédia do que me questionar sobre os meus sentimentos no dia das bodas de prata dos meus pais, sendo surpreendida pelo meu ex namorado e recriminada por todos porque não queria que aquele filho da puta traidor que eu tanto...tanto...amo, eu acho, estivesse naquela festa. Daí, termino perdendo o meu chão, o meu protetor, o meu amigo amado que me faz tanto bem, mas que não sei se amo, se admiro ou se realmente me apoio apenas. Ai, meu Deus, será que vai ficar tudo bem?


... Continua


PAPO DE CALCINHA: Você já amou alguém? Para você, qual a diferença entre AMOR E PAIXÃO?

terça-feira, janeiro 17, 2012

VALE NIGHT



Por Letícia Vidica

- Oi, Di, tudo bem? Como foi seu dia?

- Oi, Pê, nossa que animação!!! O que aconteceu? - fui logo estanhando a ligação dele quase onze horas da noite daquela sexta-feira. Alguma coisa ele queria. Bem conheço os homens!!

- Você vai ficar chateada se eu não for para São Paulo esse final de semana? – dizia ele como uma criança que faz manha para a mãe perguntando se ela não ficaria chateada se ele faltasse à escola no dia da prova de matemática.

Eu sabia que vinha bomba. Quando a esmola é demais, o santo desconfia. Ficar chateada? Eu? Magina... só porque eu saí do trabalho depois de uma reunião fudida, passei no supermercado e usei o limite do limite do meu cartão de crédito comprando quitutes e gostosuras para o nosso final de semana, mas você só me avisou que não vem agora??? Chateada? Bobagem!!! *+#@#$

- É que vai ser a despedida do Rafa... lembra do Rafa?


Não, eu não sei quem é o Rafa, tenho raiva de quem conhece o Rafa e agora eu já odeio o Rafa!!!


- Diana? Diana? Tá na linha? - eu tinha paralisado para digerir melhor - Então, ele vai para Londres e o pessoal vai sair. Só os homens. Tipo clube do Bolinha, sabe? – é aí que mora o perigo. - Faz tanto tempo que eu não saio com eles... tem algum problema?

- Problema? Não. Nenhum. Que isso...vai lá. Aproveite. - incrível como nós, mulheres, temos esse terrível dom da ironia. Por que, na hora da fúria, a gente só consegue dizer mensagens motivacionais positivas???!!!

- Aproveita e sai com as meninas também. Vou te dar uma folguinha... – nossa, muito obrigada pela sua gratidão e pelo prêmio de consolação.

- Ah é... a Betina tinha até me ligado me chamando para sair. Acho que vou aceitar.

Mentira, claro!!! Eu não tinha nenhuma proposta para sair, mas como os meus planos foram por água abaixo, tive que apelar para uma mentirinha. Claro que desliguei o telefone putíssima e joguei todas as sacolas do supermercado em cima da mesa enfurecida. A vida é mesmo engraçada né? Outro dia, eu reclamava porque ia ter mais um final de semana sozinha e agora estou reclamando que vou ter um final de semana sozinha?!

***

- Oi, divas!!! Nem tô acreditando que a gente vai sair juntas... que saudades!! Trouxe até uma bebidinha para um esquenta... - essa empolgada era a Lili que chegava em casa animadíssima para a balada.

- Oi, Lili!!! Gente, tem certeza que querem sair? Tá me batando um soninho... Acho que tô meio enferrujada. - eram 23 horas de sábado e eu queria mais era a minha cama.

- Pode jogar essa preguiça para lá e vamos cair na night. Consegui aquelas entradinhas vips na balada do meu amigo e com direito a camarote hein? - dizia Lili.

- Diana, dá para mudar essa cara? E vê se para de pensar no Pedro...

- Quem disse que eu tô pensando no Pedro, Betina?! - tentei disfarçar.

- E precisa dizer?! Aproveita o seu vale night!!!

****

Depois da saga do estacionamento, da fila enorme e de aguentar as cantadas e assovios dos caras para gente, entramos na tal balada. O lugar era lindo, a música era ótima, tinha uns caras lindos, mas eu me sentia um peixe fora d'água. Só pensava no Pedro, onde estaria o Pedro, no que o Pedro estaria fazendo...eu trocaria tudo aquilo para estar em casa com o Pedro vendo filme e comendo pipoca.

- Poxa, o Pedro nem me ligou hoje. - eu desabafava e conferia mais uma vez a minha caixa de mensagens.

- Dá para esquecer o Pedro essa noite, gata? Ele deve estar curtindo com os amigos...curte também. Vou pegar uma bebidinha para gente... - disse Lili.

- Diana, relaxa!!! O Pedro sabe o que faz...

- Ai, Bê, eu não consigo me desligar. É estranho. Eu adorava uma baladinha, mas agora daria tudo para ficar com ele. Aposto que ele está em algum baile funk dançando com alguma mulher fruta...

- Diana, não pira!! Aproveita a noite. Afinal não é sempre que você tem uma folguinha né?

A Betina estava certa. Duvido que o Pedro esteja pensando em mim agora. Então não vou pensar nele. Resolvi então curtir a noite. E para relaxar um saquêzinho sempre vai bem. Acho que depois de 1, 2, 3...eu relaxei. Caímos na pista para dançar.

- Uhuuuuu!!!! É isso aí!!! - gritava Lili despirocada. Já tinha até esquecido que a minha amiga costumava ser escandalosa na balada e, principalmente, quando bebe. - Diiiiiiiiii... olha quem chegou... o gato do Murilo.

Lili me puxou pela mão e me arrastou até o gato do Murilo. O gato do Murilo é amigo do Luis Otávio. Sempre paguei um pau para ele, mas ele nunca me deu bola.

- Oi, MUUUUUUU - gritava Lili trêbada.

- Oi, Lili, doçura... tá fazendo o quê perdida aqui?

- A Diana tá alforriada essa noite... estamos aproveitando. Eu já venho... – saiu correndo, para variar. Por que a Lili adora correr na balada?

Ela me deixou com cara de pamonha com o gato do Murilo. Engraçado que nem achei ele tão gato assim?

- Tá sozinha?

- Ahn? Não, tô namorando... - eu gritava no ouvido dele tentando me comunicar, mas o som impedia.

- Não. Aqui?

- O quê? Não tô ouvindo...

Murilo pegou nas minhas mãos e saiu me arrastando até o fumódromo, onde era possível conversar sem gritar.

- A Lili não muda mesmo né? A mesma piradinha de sempre. E você? Tá namorando então? - perguntou Murilo com olhar 43. – Continua com o Zé Mané do Pierre?

- Não. – ri – A fila anda né.

- Poxa, já tem outro? Nem deixou me candidatar, gata? E cadê ele?

- Saiu com os amigos hoje.

- E deixou a gatinha sozinha? Se fosse minha namorada, eu não deixava assim dando bobeira não. Se precisar de companhia, estamos aí hein... – dizia ele me dando um abraço cheio de intenções.

Engraçado como eu desejei que o Murilo fosse a minha companhia algumas noites mas, naquele momento, eu queria mais que ele sumisse da minha frente. Não tinha reparado que ele era grudento, chato e tinha xaveco barato?!

- Oi, Diana, achei que tinha ido embora!!!

Graças a Deus, Betina apareceu (como sempre) para me salvar. Inventei que ia ao banheiro e desbaratinei o Don Juan de quinta.

- Rolou algo com o Murilo?

- Que nada. O cara é um babaca. E pensar que eu quis um dia ficar com ele...

- Olha, o Pedro te laçou mesmo hein?

- Ai, Bê...sei lá...mas eu não tô vendo a menor graça nessa balada... e o pior é que eu tô aqui quase infartando querendo saber onde ele está e nem um sinal de fogo... ele não me ligou o dia todo... será que ele arrumou alguma funkeira e esqueceu de mim?

- Diana, hello! Menos ok? É só um final de semana e é muito saudável esses momentos livres sabia? Tô começando a achar que você já não se diverte mais com suas amigas né?

- Não é isso, Betina...

Ou era? O que estava acontecendo comigo? Eu tinha um final de semana todinho só para mim e para as minhas amigas, uma baladinha nova cheia de gatos e eu não consegui achar graça em nada?! Só posso estar doente.

****

- Gente, vocês não vão acreditar... – era Lili que tinha reaparecido – beijei um cara gatooooo...muito gatooooo!!!! E aí pegou o Murilo???

- Tá louca?

- Tá perdendo tempo isso sim. Ele é muito bom de cama.

- Como você sabe? – perguntei.

- Acha que eu nunca provei da fruta? – desabafava Lili.

- Lili, acho que tá na hora de ir para casa né? – era Betina que pressentia que Lili já estava azedando.

- Casa? Agora? Nunca. Eu quero mais é curtir.

Lili ameaçou ir para a pista, mas tropeçou e caiu como merda no chão. Era sempre assim. Ela bebia e quem pagava o mico de levá-la carregada para o carro éramos eu e Betina. E foi o que fizemos. Levamos Lili para o meu apartamento e ela desabou no sofá.

- Melhor agora? – perguntava Betina enquanto fumava na sacada.

- Desculpa, Bê, eu fui uma chata né? – eu disse abraçando Betina como quem abraça um bichinho de pelúcia.

- Tô acostumada com a sua chatice. – zombava ela.

- Ah sei lá. Estou mal acostumada. O Pedro tá sempre comigo e hoje foi estranho essa tal liberdade que ele me deu.

- Posso saber o que estão fofocando? – era Lili que tinha acordado e apareceu na sacada.

- Passou o efeito da cachaça? –perguntava Betina.

- Tô pronta pra outra... E aí, Di, beijou o Murilo?

- Ah Lili, o cara é um babaca. E pensar que eu quis ficar com ele um dia? Xavequeiro falso. Além do mais, não tô afim de pegar baba sua...

- Ah mas de boca fechada ele manda bem ... – desabafava Lili.

Caímos na gargalhada e mal percebemos o dia clarear. Ficamos jogando conversa fora e colocando o papo em dia. Nem me lembrei do Pedro naquele momento e percebi o quanto é bom ter essas folguinhas com minhas amigas. Adormecemos sem perceber. Betina capotou na cadeira da sacada. A Lili se jogou no sofá e eu acordei com o celular vibrando e percebi que estava no tapete.

Quando olhei o visor percebi que era uma mensagem do Pedro me desejando bom dia e dizendo que estava com saudades. Fiquei olhando para a mensagem por alguns minutos, mas resolvi não responder. Afinal, o meu vale night ainda não tinha acabado e eu estava adorando a companhia das minhas amigas na minha alforria. Já que não aproveitei a noite, nada mal aproveitar o ‘vale dia’ né?

PAPO DE CALCINHA: VOCÊ É A FAVOR OU CONTRA AO 'VALE NIGHT'? COSTUMA DAR UM 'VALE NIGHT' PARA SEU(A) NAMORADO(A)?

segunda-feira, janeiro 09, 2012

MULHERES PODEROSAS, HOMENS MEDROSOS


POR LETÍCIA VIDICA

- Amoreco, pode avisar o Cristo Redentor que amanhã eu tô descendo na Cidade Maravilhosa ... - eu dizia para Pedro, ao telefone, enquanto decidia o que levar na mala.

- Que bom, Diana!! Mas o que aconteceu? - Pedro se assustou com a minha empolgação e com a minha decisão repentina de ir para o Rio.

- Tenho uma surpresa muito boa para você, mas tenho que te contar pessoalmente.

- Poxa, que bacana!!! Eu também tenho que te falar uma coisa... - disse ele numa empolgação congelante, mas eu como eu borbulhava de euforia nem me toquei disso tão rápido. Apenas desliguei (nem sei se me despedi). Só sei que eu ainda tinha que terminar a mala para poder cumprir a minha promessa de pegar a primeira ponte aérea.

O motivo de tanta empolgação era que, finalmente, depois de 3 anos de muito trabalho e dedicação lá na agência, eu fui reconhecida. Finalmente, tive a minha grande oportunidade. A história foi a seguinte. A agência tinha conseguido uma conta de uma grande indústria de bebidas nacional e assumiu desenvolver toda a campanha da empresa e adivinha quem foi chamada para gerenciar essa conta e liderar a equipe??? Isso mesmo. Euzinha!!! Acho que meu coração parou e eu tive um infarte quando fui chamada pelo meu chefe na sala dele e recebi a notícia. Agora o que eu mais queria era ir correndo para o Rio dividir a minha alegria com o Pedro. Será que agora posso dizer, enfim, que sou uma mulher independente, dona do meu próprio nariz e de sucesso?

***

- Tava falando com quem, amore??? - eu disse em tom dócil ao sair do banho e flagrar Pedro finalizando um telefonema.

- Acabei de pedir uma pizza.

- Pizza?! Mas Pedro a gente não combinou de ir jantar naquele restaurante no Morro da Urca? - questionei abismada com o descaso dele.

- É, Di...mas achei melhor algo caseiro, aqui em casa... eu e você... e aquele restaurante é tão caro né...

- Mas eu já reservei e se o problema é grana, relaxa. Eu pago. Já te falei isso não é?

- É, mas...

- Mas nada. Sem discussão e ponto final. E vai tomar banho logo que a gente vai se atrasar.


Por que os homens insistem nessa idéia idiota de que não podem aceitar que a mulher pague a conta? Oras!!! Somos namorados. Qual o problema de eu pagar?
Porém, o problema ainda estava por vir, mas a noite estava apenas começando e achei que aquilo tinha sido apenas mais uma crise machista boba.

****

- E aí gostou do lugar? - perguntei empolgadíssima quando chegamos ao restaurante.

- É, bem bacana né? Caro também né... - insistia Pedro no discurso machista.

- Pê, não vamos mais falar disso ok?

Enquanto saboreávamos o nosso delicioso e caríssimo (mas bem pago jantar), desandei a falar. Poxa, aquela era minha noite, o meu momento...eu tinha que celebrar né?

- ... nossa, eu desacreditei quando o Rossini me deu a promoção. Mas era em tempo né? Finalmente me reconheceram.... poxa e atender esse cliente vai ser um grande desafio...mas pela grana que vão me pagar eu falo qualquer coisa...esse dinheirinho será a solução dos meus problemas... tudo bem que eu vou trabalhar igual um jegue e não vai ser nada fácil criar essa campanha...esses caras sempre foram tão quadrados e agora querem ficar moderninhos... sem contar que eu vou virar chefe, Pê! Chefe, eu? Eu não mando nem em mim...mas eu acho que vou dar conta do recado não vou?... Ai, amor, tô tão feliz...Pedro, Pedro, tá me ouvindo? .. Ah começo segunda... hora para entrar e sem hora para sair né...mas vai dar certo... ah, nossa, desculpe, tô aqui falando feito uma matraca e nem deixei você falar... o que você queria me contar mesmo?

- Eu? Eu?

- É. Você me disse no telefone que tinha algo para me contar não foi?

- Bobagem, Di. A noite é sua hoje. Deixa para lá.

Realmente a noite era minha. Por isso, nem me importei muito com o que ele tinha a me dizer. Tratei logo de ir para a parte dois da minha noite. Eu merecia uma hidro e um espelho no teto à minha altura né? Mesmo sob a recriminação do Pedro de que estava gastando demais e que a gente podia ir para casa, seguimos para a segunda parte.

**

Depois de enfrentaruma verdadeira maratona para colocar a cinta-liga, saí do banheiro para o quarto me sentindo uma leoa poderosa-chefe do bando, mas encontrei o meu Rei Leão parecendo um aprendiz de leãozinho. Apesar das minhas tentativas para acender aquela juba com a conta-liga vermelha, tudo foi em vão. Brochei, ou melhor, brochamos na hora.

- O que tá acontecendo, Pedro? - desisti e resolvi bancar a terapeuta.

- Desculpe, Diana. Eu não queria estragar a sua noite.

Tarde demais. Já estragou. Agora vamos desembuchar?

- O clima tá meio complicado lá na empresa. - dizia ele andando de um lado a outro do quarto e coçando a cabeça. Já tava me deixando tonta. - Pediram falência semana passada, mas o nosso principal concorrente resolveu comprar.

E qual é o motivo para tanto estresse? Não vão vender a empresa não é mesmo? Não tô entendendo a TPM. Anda logo que ainda podemos aproveitar as 2 horas e meia que nos falta.

- Tô com medo. Acho que vou ser mandado embora. Os caras, com certeza, vão trazer gente deles. Não vão querer manter o pessoal de lá...

- Pedro, para. Olha para mim. - eu dizia brecando aquela barata tonta - Calma. Não sofra por antecedência. Você nem sabe o que vai acontecer e já tá concluindo o fim da novela?

Sei que esse discurso não é muito Diana, mas poxa 'por que os homens encucam tanto às vezes?'. E agora só porque você acha que pode ser mandando embora então você não consegue colocar a pipa para voar? Queria ver se você fosse mulher. Teria descoberto que engordou 5 kilos pela manhã, receberia a notícia da possível demissão à tarde, ganharia de brinde uma TPM fudida transformada em hemorragia no banco do seu carro, ia sofrer de ansiedade, mas ia sair para jantar com seu homem na miior classe e transaria a melhor foda da sua vida naquela noite. Entendeu, garotos? Tá explicado porque somos mil e uma utilidades né? Agora não me venham com chorinho.


Preciso dizer que voltei meio putinha para São Paulo? Tudo o que eu queria era o meu namorado celebrando a minha vitória, mas acabei tendo que aturar crise masculina? Mas tudo bem. Eu só conseguia pensar no meu primeiro dia como chefe.

***

Apesar de toda a minha empolgação com a nova função, a minha vida deu um giro 1360 graus. O que parecia um castelo, na verdade, era uma bucha grande. Tive que pegar a minha espada e enfrentar alguns dragões: cobrança acirradas, prazos apertados, cliente que não sabe o que quer, uma equipe para liderar, um respeito para impor, um lugar para ocupar, home office... mas era o meu momento. E eu acabei abrindo mão de algumas coisas. Uma delas foi a minha casa que virou um chiqueiro. Eu não tinha mais tempo para me dedicar à limpeza de casa, aos choppinhos de sexta-feira, era trabalho e trabalho.

- Ai, mãe, você é uma santa!!! - eu disse à minha querida mãezinha que estava dando uma força na organização de casa porque, justo agora, a minha empregada tinha resolvido voltar para Alagoas.

- Vai tomar um banho. Tem comida pronta. - dizia ela me dando um beijo e vendo o caco que eu estava chegando às 23h30 de uma quarta-feira depois de ter entrado às 06h30!!!

- Acho que eu não vou aguentar, mãe... eu quase surtei hoje!!! - eu me derramei no colo de mamãe.

- Pode ir pro banho que amanhã tem mais. Acha que ser chefe é fácil? Ah, o Pedro ligou o dia todo hoje...


Nossa, o Pedro!!!! Meu Deus, eu tinha me esquecido dele. Na verdade, não me esqueci, mas eu tava tão louca com o trabalho que o meu tempo tinha ficado reduzido. Ah depois eu ligo para ele...


,,, o sono e o cansaço não me permitiram ligar para ele, claro!!! No dia seguinte, acordei cedo e fui encarar uma reunião daquelas com o meu cliente.

***

- Pedro? Tá fazendo o quê aqui? - assustei-me ao abrir o meu apartamento e encontrar o Pedro no sofá de casa.

- Eu marquei um horário na sua agenda. A sua secretária não te avisou?

Hello! Que declaração foi essa? É uma piada ou ... prefiro acreditar que é uma piada.

- Não fica bravo comigo... eu tô trabalhando demais... - eu fazia charminho para amolecê-lo.

- Já sei, já sei... tá trabalhando demais, não tem vida própria... mas tudo bem. Fiz uma sopinha para você. Vai tomar um banho. Eu te espero.

O Pedro é um principe né? Mas me assustei ao ver as malas do príncipe no meu quarto que não pareciam ser para apenas uns 2 dias.

- Vai viajar, Pedro? - perguntei enquanto tomávamos o caldinho.

- Tô de férias.

- Férias? Ué, mas você não me falou nada... - assustei.

- É, nem eu sabia. Fui avisado ontem e saí de férias hoje. Férias coletivas forçadas. Estou á beira da demissão. A nova gerência assumiu e deu férias para algumas pessoas. Tenho certeza de que quando voltar vou direto para o RH.

- Poxa, Pedro, não fica assim. Aproveita para descansar. Curte o seu momento.

- Curtir o quê, Diana?! Fácil para você que tá com a vida resolvida né?

Mais uma piada? Mas tá perdendo a graça hein?

- Posso ficar aqui por uns dias?

Ficar aqui? Agora? Não tive escolha. Tive que aceitar né?

***

O problema foi que as férias forçadas do Pedro se tornaram um problema a mais na minha vida. Acho que ele achava que eu estava brincando de trabalhar. Me ligava nas horas mais inoportunas, entrou em crise paranóica profissional e achava que eu era obrigada a entender. Poxa, vamos se mexer?

- Dona Diana, o Pedro ligou e pediu para a senhora retornar.

- Meu Deus, é a quinquagésima vez que ele me liga hoje!!! Eu tenho que ir até o cliente agora... eu falo com ele depois. - saí bufando e enlouquecida porque eu já estava atrasada para a minha reunião.

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Cheguei em casa querendo apenas paz, um banho e uma cama quente. Mas encontrei um cão de guarda na sala querendo guerra, tirar a sujeira do tapete e não tava nem um pouco a fim de esquentar a minha cama.

- Já ia acionar o FBI. Não recebeu os meus recados? Acho que tem que mudar de secretária hein... - ele disse ironicamente.

- Pedro, eu tô aqui não estou?! - minha alma respondeu por mim porque eu tava um caco - Eu vou tomar um banho.

- Eu preciso falar com você, Diana. Pode me ouvir? – brecou-me aquela voz autoritária que em nada lembrava o meu dócil e amado Pedro.

- Fala, Pedro. Fala. – me rendi.

- Liguei lá na empresa e confirmei o que eu suspeitava. Estou na lista de corte. E agora, o que eu faço? – surtava o mais novo desempregado brasileiro.

- Bola pra frente. Vai arrumar outro emprego e pronto. Você já não esperava por esse final? Por que a surpresa?! - sei que fui um pouco cruel, mas a minha paciência zero só conseguia ser realista.

- Legal hein? Eu aqui na rua da amargura. Sem emprego. Correndo o risco de ter que voltar para São Paulo para casa dos meus pais a essa altura e você fala isso?

- O QUÊ MAIS VOCÊ QUER QUE EU FALE???? - me exaltei

- Achei que podia contar com a minha namorada, mas agora que você virou chefe acho que não se importa com mais nada né? – eu sabia que vinha chumbo grosso.

- Pedro, não adianta bancar a vítima. Se mexe, pô. E por que você se incomoda tanto com a minha promoção? Eu também achei que podia contar com você. Achei que você era diferente, mas você é igual a todos os homens. Mesquinho e só pensa no seu umbigo. Alguma vez você já perguntou como eu me sinto? Como estão os meus desafios? Se a campanha vai dar certo? Não. Você só quer me cobrar, cobrar e cobrar. Se não tá feliz pode pegar aquelas malinhas lá do quarto e ir chorar as pitangas na casa da sua mãe. Por que é lá que você vai ficar.

Saí batendo as tamancas para o banheiro. Eu estava puta com a falta de sensatez do Pedro. Confesso que se tivesse sido com o Pierre, eu não teria me magoado tanto, mas não esperava aquilo do Pedro. Assim como não esperava que, quando eu saísse do banho, ele realmente tivesse ido para a casa da mãe dele.

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- Diana, o problema é que a sua carreira tá muito melhor que a dele... - era Betina me trazendo à realidade. - Os homens, hoje em dia, não se conformam que nós, mulheres, estamos chegando lá e que, em alguns casos, estamos mais à frente deles. Eles continuam com o machismo enraizado.

A Betina estava certa. A luta do novo século, mulheres, é fazer os homens se conformarem com a nossa igualdade e liberdade profissional. Qual é o problema?

Confesso que fiquei engasgada com tudo aquilo e chateada também, mas eu tinha que seguir em frente. O meu cliente, a minha equipe e a minha campanha não tinham nada a ver com o machismo do Pedro. Machismo este que ele tentou engolir e foi me procurar.

- Você tá certa, Diana.

- Eu sempre estou. - orgulhei-me.

- Me desculpe. Eu fui um tolo. Só me importei comigo.

- E... – tá achando que vai me ganhar com pouco?

- Eu tenho mesmo que seguir em frente...não vou ficar chorando as pitangas. E tenho uma boa notícia para te dar...

- Qual? – perguntei sem interesse algum.

- Um grande amigo meu tá abrindo um negócio no Rio e me chamou para ser sócio... É a minha oportunidade. Realmente há males que vem para o bem...

- Parabéns! – disse sem a mínima empolgação. Afinal, quando foi comigo o que eu recebi?

- E para celebrar a minha sociedade, para te pedir perdão e para celebrar com todas as honras a sua guinada profissional... eu reservei um lugar para gente no terraço daquele restaurante.

- Qual? Aquele que a gente vê toda a cidade? – disse empolgadíssima com a idéia.

- Acho que ainda é pouco para você. Mas como o que você merece está muito além...é aquele mesmo. Se importa?

-- Você é um anjo.

Claro que não foi apenas o restaurante mega caro e que eu tanto queria ir que amoleceu meu coração. Resolvi baixar a guarda já que o Pedro se ligou e baixou a dele. Porém, sei muito bem que esse caroço da mulher que manda ele ainda não engoliu, mas aos poucos eu ajudo ele a engolir. Agora eu quero é mais!!! Fui...


PAPO DE CALCINHA: MENINAS, VOCÊS JÁ PASSARAM POR ISSO? ACHAM QUE OS HOMENS TEM MEDO DE MULHERES QUE MANDAM, PODEROSAS OU FINANCEIRAMENTE MAIS EVOLUÍDA QUE ELES?
MENINOS, E AÍ?